sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Idealismo versus Plasticismo: três visões de Portinari


Personagem de destaque no modernismo brasileiro, Cândido Portinari (1903 - 1962) não poderia deixar de ser centro de discussões. Seu destaque, talvez, esteja mais nessa polêmica acerca do artista e sua obra (assim como seu papel em meio ao modernismo, primeiro no Brasil, mas também na América Latina), do que por conta de suas inovações plásticas ou conceituais, quase inexistentes.

Portinari não inventou técnicas e nem pretendia romper definitivamente com o academismo, mas o que o coloca em alto grau foi seu papel como mediador do modernismo no Brasil, criando a possibilidade de hoje termos reconhecido o alto valor de artistas como Oswaldo Goeldi, por exemplo, quem nunca teria sido aceito não fosse a preexistência dos trabalhos “comportados” feitos por Portinari.


Conseguiu realizar a síntese entre a ‘grande arte’, de gosto burguês e a temática popular, essencialmente proletária (em consonância com sua orientação comunista), de modo que nenhum outro artista o havia feito no Brasil e talvez ainda hoje não tenha sido igualado. Além disso, foi ele um dos responsáveis por despertar para o mundo a existência de uma arte brasileira, tendo, hoje, murais presentes em instituições como a fundação hispânica de Washington e a sede da ONU.

É esta capacidade de conciliação o que veio a valer ao pintor os títulos de “último dos acadêmicos” e “primeiro dos Modernos” por parte da crítica, que nunca foi capaz de chegar a um consenso sobre sua obra, tendo pendido, hora para uma louvação, hora para uma execração, o que mais uma vez atesta seu valor, já que levanta diferenciadas interpretações, entendimentos e pontos de vista.

Tendo consciência tanto de uma visão como de outra, não pretendo, neste trabalho, tomar partido quanto a uma ou outra, concordando e discordando, em partes, com ambas. Pretendo, sim, analisar o quanto o caráter ideológico do pintor teria restringido sua obra inicial, a fim de conseguir maior efeito social do que plástico em muitos de seus trabalhos tidos como principais e deixando estas experimentações plásticas para pinturas mais livres, surgidas graças ao sucesso das primeiras, mas que nunca conseguiram a mesma atenção destas.

Para tanto, utilizar-me-ei de três trabalhos bem distintos entre si, mas que guardam em comum o fato de terem sido feitos após a consagração como artista moderno e sua quase singularidade no tratamento formal dispensado pelo artista. São estes: Os quadros Lavadeiras (1943) e Morro n° 11 (1958), ambos pintados a óleo; e a série de desenhos feitos a lápis de cor, D. Quixote (1955/1956). Todos pertencentes ao acervo do Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro. 


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO 


Acesse o artigo de Bernardo Domingos de Almeida aqui.

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